Eu tenho essa teoria sobre desenhos animados e a formação da visão de mundo. Uma teoria meio desacreditada, é verdade. Mas eu acho que faz um certo sentido. It goes like this:
As crianças assistem desenhos animados no auge da fase em que estão apreendendo o mundo e criando referenciais. Deve existir uma relação direta entre o que assistem e o que acreditam.
Vou citar meu triste exemplo. Eu cresci assistindo Pica-Pau e Cia Ltda, Tom & Jerry e afins. Isso me tornou incapacitada para lidar com a noção de permanência da morte. Quando se morre, se continua morto. Pelo menos é o que dizem. Mas não foi o que eu aprendi vendo esses desenhos.
Estou sendo dramática? Acompanhem o desenrolar dos eventos.
Um rolo compressor passa em cima do Pica-Pau, o coitadinho fica todo achatado e mortinho. Mas é só soprar o seu dedão que ele volta ao normal.
O Coiote cai de um abismo gigantesco. Chega lá em baixo todo esmagado. Oh, o Coiote morreu! Não, o Coiote não morreu. Ele se descola do chão, sacode a poeira e era isso.
E aí vem bombas, marteladas, quedas, facadas, cofres na cabeça, veneno e tudo o mais. O que acontece? Nada! Estão todos vivos. E nem doeu.
Como esperam que a pobre Ivaninha acredite na permanência da morte? Como querem que eu acredite na permanência do que quer que seja? No way!
Talvez eu com minhas esquisitices não seja o melhor exemplo para generalizar reações geracionais. Confesso que ainda não encontrei outro expectador do Pica-Pau com o mesmo problema.
Mas vamos combinar, essas crianças que passam o dia assistindo Cartoon Network definitivamente vão se tornar adultos absurdamente sarcásticos...